24.12.08

what went wrong

ingressamos com o mesmo perfil: classe média, vindos de escolas particulares, talentosos, bons em esportes e em qualquer coisa que o valha; mas também preconceituosos, esnobes, agnósticos e amorais. éramos carbono.
identifiquei-me com eles mas o lugar parecia-me sórdido, passei a não suportá-los. arrastei-me dois anos assim, tentando me adaptar mas detestando, classificando-os como a escória moral da sociedade. só entendi muitos meses depois: odiei-os porque tinham os mesmo defeitos que eu detestava em mim. talvez afastá-los tenha sido uma forma de fazer com que levassem com eles os defeitos que eu tanto fingia que não possuia.
desejando arruinar o mundo que me afligia, estava me auto-destruindo. o tiro sai pela culatra quando você pensa que pode guerrear contra o mundo inteiro: precisa de um zilhão de balas pra conseguir ganhar quando só uma pode te matar. o que antes era coragem e ousadia, tornou-se burrice. só então fui entender.
agora eles amadureceram, tornaram-se pessoas melhores. já não possuem mais aquela arrogância e prepotência do começo. estão divertindo-se ao máximo, planejando sua formatura e com a máxima certeza posso dizer que são eles que vão passar nas melhores universidades, sem o imenso esforço que a maioria das pessoas necessitam. um dia estive entre eles. já não estou mais. o futuro de cada um é certo, posso imaginar como e estou convicta que terão muito sucesso.
quanto a mim, às vezes desejaria que tudo fosse como antes, talvez meus defeitos tivessem sanado com o amadurecimento, talvez tivesse crescido junto deles. mas amadureci diferente. o carbono pode tornar-se grafite ou diamante. ainda não sei qual me tornei. prefiro acreditar que tudo o que fiz não foi sandice, foi apenas um caminho alternativo.
espero que no final dessa jornada nos encontremos, cada um com sua sorte e seu sucesso. se não pude estar entre eles agora, espero estar no futuro.