14.11.08

buraco negro: o império

- você botou pra foder em grande estilo.
- não era essa a intenção...
- então por que está fazendo isso?
- porque não consigo sentir o chão.

perdi a lã que demarcava o caminho e os passarinhos comeram os restos de pão, enquanto expectoravam junto aos meus ouvidos que qualquer coisa era válida. os caminhos estavam incertos. pisava em chão de espuma, tropeçava e não havia entendimentos. só havia um vácuo e eu nada sabia. ninguém trazia-me uma pá de cimento e uma bússola pra que eu encontrasse o que tinha perdido.
facínora, mal esperou o corpo padecer pra devorar a carne, como um urubu. não carregarei maldizeres porque tive meu revide.

o império precisa ser arruinado para que nasça a república. o meu foi completamente destruído. mas quem reina agora, sou só eu. os membros do parlamento foram renovados e no conselho não há "tudo é válido". os princípios estão firmes e no estatuto está claro: você está fora pra sempre e minha vida é um domínio que só cabe a mim comandar.

(2007)