24.1.13

os lugares da nossa vida

caminhei pelas ruas geladinhas com neve embaixo dos tênis pela primeira vez na vida (a neve faz uns barulhinhos engraçados quando estala ao pisar).
e no começo o vento arde um pouco no rosto, mas depois que você se acostuma à temperatura, é a sensação mais gostosa. diria que seria como voar, se eu já tivesse voado alguma vez.
se dou um sorrisinho sincero, o acalanto da retribuição é feita com tanta gentileza que dá vontade de estampar um sorriso eterno. fica difícil até imaginar que existiram lágrimas nos meus olhos algum dia. é um transe: uma utopia se tornando realidade e contrariando todas as leis do mundo que dizem que utopias são só utopias.

bem, naquele dia fomos aconselhados a pegar o ônibus e seguir aquela direção. sentar na janela é primordial para aproveitar cada milésimo da natureza que passa correndo, fugindo dos olhos. o destino foi anunciado pelo letreiro e demos o sinal. desci do ônibus, pisando com cuidado na neve escorregadia, naquele tipo de passo que faz que vai e não vai: põe só a pontinha do pé, e se tiver tudo bem, pode pisar. levantei os olhos, que estavam mirando o chão, e fitando ao redor boquiaberta (com o coração acelerado): minha kansas city é aqui.
e então, fatalmente, eu tive que entregar todo o meu coração a esse lugar.