você me busca.
após tantos anos, sei que ainda se lembra. você só tinha uma noção mas não sabia do tamanho. eu era criança com sonhos enormes, você era um moleque. um moleque cheio de lirismo e poesia, cheio de ideais, viagens pelo mundo e anti-capitalismos, eu te admirava demais. no modo ingênuo que enxergava, queria me casar com você. sempre escrevi, mas você me inspirou muito mais.
lembro nitidamente do seu jeito de falar enrolado, de como era divertido e como a maioria delas não se demorava muito para cair de amores por você.
pode ter sido aleatóriamente, ao acaso, mas foi para mim que você veio. e sabe-se lá o motivo. mas não é mais o mesmo. não vejo mais a veia de poesia e sonho nas suas palavras, você foi tragado por uma profissão promissora, falta de perspectiva e álcool. de adegas do mundo inteiro, você tornou-se apenas uma garrafa, fermentando cana-de-açúcar através do tempo.
bebericá-lo só para descobrir o gosto que virou, mas não quero embriagar-me de você.