história 1:
ele teve de abandonar sua mãe tão desolada, o cursinho e a paixão pela vida. sofria já há muito tempo, seus rins não conseguiram ser tão bons quanto sua índole. se fosse, viveria mil anos. era, sem dúvidas, o mais querido. importava-se com as condições sociais, apreciava os pequenos prazeres da vida e gostava de adoniran barbosa. gostava também de estudar, porque sentia que isso lhe devolvia a vida.
naquele hospital, tão perto de mim, ele saiu da UTI. mas não pôde voltar pra casa.
história 2:
quem poderia imaginar uma perseguição policial num sábado de manhã em plena avenida com tantas pessoas? por que diabos aqueles imbecis quiseram assaltar lojas, quando os caixas ainda nem estavam cheios?! ela havia sido efetivada no primeiro emprego e fazia três dias que tinha ganho salário, com este, pela primeira vez, pôde ser vaidosa e comprou para si cinco pares de sapatos. começou a namorar havia só dois meses. estava mais feliz do que nunca.
naquela avenida, que passo todos os domingos, ela sofreu com o acaso.
isso não está certo! mas não posso prometer quebrar a cara de quem nos sacaneou assim, porque não existe alguém. são circunstâncias.
eles ainda são parte de nós. o mesmo sobrenome, a mesma história. o mesmo sangue!
o que me resta? lembrar.